As Viagens de Gulliver - Cap. 5: Capítulo III Pág. 188 / 339

No centro da ilha voadora há um poço de umas quarenta jardas de diâmetro que facilita a descida dos astrónomos até uma grande cripta, chamada em sua honra Flandona Gagnole ou Gruta do Astrónomo, situada na camada diamantina, a cem jardas da superfície. Vinte lâmpadas ardem ali continuamente e o reflexo do diamante espalha luz intensa por toda a parte. A gruta está repleta de um sem-número de sextantes, quadrantes, telescópios, astrolábios e outros aparelhos astronómicos. Mas o mais admirável de contemplar e do que depende o destino da ilha, é um íman de dimensões prodigiosas, talhado em forma de lançadeira de tecelão. Tem seis jardas de comprimento e não menos de três na sua parte mais larga. Este íman está sustido por um robustíssimo eixo de diamante que o atravessa, na parte central, de lado a lado, o que lhe permite girar sobre si mesmo, e está tão impecavelmente ajustado que a mão mais fraca pode activá-lo. Está rodeado por uma espécie de coroa cilíndrica, oca, de diamante, com quatro pés de profundidade, outros tantos de espessura e doze jardas de diâmetro, colocado em posição horizontal sobre oito suportes diamantinos de seis pés de altura. No centro da superfície côncava há uma estria de doze polegadas de profundidade onde se encaixam os extremos do eixo que podem girar à vontade.

Não há força que possa desalojar o íman do seu lugar, dado que o cilindro e os seus pilares estão talhados num só bloco com a massa de diamante que constitui o fundo da ilha.

Esta eleva-se, baixa e desloca-se de um lado para o outro graças a este íman. No que concerne à superfície da terra onde o monarca tem os seus domínios, esta pedra está dotada, num dos seus extremos, com uma força de atracção e, no outro, uma de repulsão. Se se coloca o íman direito com um pólo de atracção orientado para terra firme, a ilha desce.





Os capítulos deste livro