Dois dias depois desta aventura, o imperador ordenou às tropas, aquarteladas na cidade, que se colocassem de prevenção, pois ocorrera-lhe uma diversão especial. Pretendia que me colocasse de pé, com as pernas o mais abertas que pudesse, como um colosso. Deu, em seguida, ordens ao general (um chefe veterano e experiente e, assim, um grande amigo meu) para que alinhasse as tropas em formação cerrada e as fizesse desfilar entre as minhas pernas, a infantaria em filas de vinte e quatro e a cavalaria em filas de dezasseis, com tambores, estandartes e armas. Esta força consistia em três mil homens a pé e mil a cavalo. Sua Majestade deu ordens, sob ameaça de pena de morte, para que os soldados observassem a mais completa dignidade, durante a marcha, relativamente à minha pessoa; isso, porém, não bastou para impedir que alguns dos oficiais mais jovens levantassem a cabeça ao passar sob mim. E, para falar a verdade, as minhas calças, nessa altura, apresentavam-se em tão mísero estado que, por certo, ofereceriam abundante motivo para riso e espanto.
Enviara tantos requerimentos e petições de liberdade que, finalmente, Sua Majestade tratou do assunto com o gabinete, em primeira instância, e com o plenário do Conselho depois. Aqui ninguém se opôs a ela, com a excepção de Skyresh Bolgolam, que se comprazia em ser meu mortal inimigo sem que eu lhe tivesse dado qualquer motivo para isso. No entanto, com o único voto contra dele, o meu pedido obteve a aprovação do Conselho e a ratificação do imperador.