Aquele ministro era
Galbet, ou almirante do reino, homem da absoluta confiança de seu senhor e uma pessoa versada em assuntos de Estado, mas áspero e mal-humorado por natureza. De qualquer modo, foi por fim persuadido a aceder em troca de ser ele a fixar as condições e as cláusulas segundo as quais eu seria posto em liberdade. Assim, o próprio Skyresh Bolgolam, assistido por dois subsecretários e vários dignitários, trouxe-me as condições por escrito. Uma vez lidas, deveria jurar que as cumpriria: em primeiro lugar, segundo os costumes do meu próprio país e, depois, segundo o método que a lei prescreve neste país, ou seja, segurando o pé direito com a mão esquerda, colocando o dedo do meio da mão direita no cocuruto e o polegar na ponta da orelha direita. Mas como talvez o leitor sinta curiosidade em conhecer o estilo e o modo de expressão peculiares dessa gente, assim como as cláusulas pelas quais eu retomei a liberdade, fiz a tradução tão literal quanto possível do texto completo, que apresento aqui ao público:
«GOLBASTO MOMAREN EVLAME GURDILO SHEFIN MULLY ULLY, poderoso imperador de Lilliput, maravilha e terror do universo, cujos domínios se estendem por cinco mil blustrugs (cerca de doze milhas de perímetro), até aos extremos do globo, monarca dos monarcas, mais alto que os filhos dos homens, cujos pés pisam forte até ao centro da terra e cuja cabeça alcança o Sol; ante cuja salvação os príncipes da terra tremem; agradável como a Primavera, proveitoso como o Verão, fértil como o Outono, terrível como o Inverno. Sua Mui Suprema Majestade propõe ao Homem-Montanha, recentemente chegado aos nossos domínios celestiais, as seguintes condições que, sob solene juramento, estará obrigado a cumprir:
