As escolas para filhos da classe média, comerciantes, homens de negócio e artesãos, funcionam de modo proporcional e semelhante. Aos sete anos são colocados como aprendizes os que vão dedicar-se a um ofício, enquanto os outros continuam no colégio até aos quinze. No entanto, ao aproximarem-se dos últimos anos, é-lhes dada maior liberdade.
Nas escolas das meninas, as crianças de linhagem recebem quase a mesma educação que os rapazes, excepto que são vestidas por criadas disciplinadas, sempre na presença de um professor ou de um ajudante, até que aos cinco anos o fazem sozinhas. E se se descobre que estas criadas procuram alguma vez distrair as meninas contando-lhes histórias temerosas, disparatadas ou as características das imprudências das nossas servidoras, são açoitadas três vezes em público, encarceradas durante um ano e confinadas para o resto da vida às zonas mais desoladas do país. Desta forma, as jovens sentem, tal como os rapazes, a vergonha de serem cobardes e imprudentes, e desprezam qualquer tipo de adorno pessoal que não seja decente ou asseado. Também não verifiquei qualquer diferença de educação devida à divisão de sexos. Apenas os exercícios físicos das meninas não exigiam demasiada força e eram-lhes dadas algumas normas relacionadas com a vida doméstica, sendo-lhes ministrada uma formação cultural inferior, porque são partidários, entre gente de linhagem, de que a mulher seja uma companheira razoável e agradável, já que não pode manter-se sempre jovem. Aos doze anos, idade de se casarem, os pais ou tutores levam-nas para casa, exprimindo efusivamente a sua gratidão aos professores, ainda que não deixe de haver choros entre a menina e as companheiras.