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Capítulo 4: II

Página 54
Ele manteve-se a meu lado, na escuridão pesada da avenida, como se se sentisse na obrigação de cuidar da minha partida daquela colónia, um pouco como se eu fosse uma pessoa indesejável ali. Começou até a arquejar um bocado, o que chegava a ser um tanto ou quanto comovente. Simplesmente, eu não me comovi. Pelo contrário. Experimentei, com o mal-estar do capitão, uma espécie de prazer maligno.

Mas acabei por me deixar tocar, apesar de tudo; comecei a andar mais devagar - e disse:

«Realmente, o que eu quis foi descobrir uma oportunidade de achar qualquer coisa nova. Senti que ia sendo já tempo disso. Será uma grande falta de juízo?».

Não me respondeu. Estávamos quase a sair da avenida.

Por cima da ponte, por cima do canal, havia um vulto sombrio e hesitante que parecia à espera de alguma coisa ou de alguém.

Tratava-se de um polícia malaio, pés descalços, vestindo o seu uniforme azul. A faixa cor de prata do seu gorro pequeno e redondo cintilava debilmente à luz de um lampião de rua. Espreitou na nossa direcção com timidez.

Antes de chegarmos ao lugar onde se encontrava, começou a caminhar, dirigindo-se para o molhe. Era uma distância de menos de cem metros, e depois de a percorrer dei com os meus coolies, sentados nos próprios calcanhares. Continuavam com a vara ao ombro, e todos os meus bens terrenos, suspensos dessa vara, descansavam no chão, entre esses homens agachados. Tão longe quanto os olhos alcançavam, ao longo do cais, não se via mais ninguém, a não ser o polícia nativo, que nos fez a continência.

Segundo parecia, interrompera o caminho dos coolies, considerando-os gente suspeita e proibindo-lhes a entrada no cais. Mas bastou um sinal meu para o fazer levantar a proibição. Pacientes, os dois coolies ergueram-se, resmungando em voz baixa e ao mesmo tempo, e lá foram como que a trote pelas tábuas da ponte, enquanto eu me preparava para me despedir do capitão Giles, e ele tinha, pelo seu lado, todo o ar de quem vê aproximar-se o termo da sua missão.

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Capa do livro A Linha de Sombra
Páginas: 155
Página atual: 54

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Nota do autor 1
I 6
II 42
II 43
III 64
IV 90
V 106
VI 129