Tufão - Cap. 2: II Pág. 21 / 103

Logo que a sua cabeça emergiu da borda começou a descompor Jukes por não ter orientado convenientemente os ventiladores da casa das caldeiras; e em resposta Jukes fazia com as mãos gestos apaziguadores, apologéticos, que significavam: Não há vento... nada a fazer... pode ver por si próprio. Mas o outro não queria dar ouvidos à razão. Os dentes luziram-lhe ferozmente na face enfarruscada. Não que lhe importasse, disse, esmurrar lá em baixo aquelas cabeças de vento, mas pensaria porventura essa marinhagem de merda que era possível manter a pressão nas estuporadas caldeiras simplesmente dando porrada nos fogueiros? Não, caramba! Um tipo precisava de ter também um pouco de ar - que o tomassem para sempre por um reles oficial de convés se não precisava! E ainda por cima o chefe, irritando-se diante do manómetro e percorrendo a sala das máquinas de um extremo ao outro, como um maluco, desde o meio-dia. Que pensava Jukes que estava ali a fazer, se não era capaz de obrigar um desses marinheiros que não prestavam para nada e que pareciam uns aleijados a morrer em pé a voltar os ventiladores para o lado do vento.

As relações entre a «sala das máquinas» e o «convés» do Nan-Shan eram, como se sabe, de índole fraternal; por conseguinte, Jukes debruçou-se e pediu ao outro num tom moderado que não fizesse papel de parvo; o capitão estava no outro lado da ponte. Mas o segundo murmurou amotinadamente que não lhe importava nada quem estava no outro lado da ponte e Jukes, passando de repente de uma condescendente desaprovação para um estado de exaltação, convidou-o em termos pouco lisonjeiros a que subisse e torcesse os malditos ventiladores conforme lhe apetecesse e apanhasse todo o vento que uma besta da sua laia conseguisse encontrar.





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