Onde está agora o tal centro?
- Não tarda aí o vento - murmurou Jukes por entre os dentes.
- Então que venha - disse o capitão MacWhirr num tom de solene indignação. - É só para que veja, senhor Jukes, que não se encontra tudo nos livros. Todas essas regras para evitar as brisas e rodear os ventos do céu senhor Jukes, parecem-me um rematado disparate, quando se consideram as coisas com um mínimo de bom senso.
Ergueu os olhos, viu Jukes fitá-lo com uma expressão dubitativa e tentou ilustrar o seu pensamento.
- Quase tão singulares como a sua extraordinária ideia de aproar o navio ao mar, não se sabe durante quanto tempo, para que os chineses se sintam mais confortáveis• quando tudo o que temos de fazer é levá-los para Fu-Chau, estando previsto chegarmos lá na sexta-feira antes do meio-dia. Se o tempo me atrasar... muito bem. Temos o livro de bordo para explicar como as coisas se passaram. Mas suponha que mudo de rumo e chego dois dias mais tarde e me perguntam: «Por onde andou este tempo todo, capitão». Que hei-de dizer a isto? «Fiz um desvio para evitar o temporal», responderei. «Devia ter sido um grande temporal», dirão eles. «Não sei», terei de responder: «Como me desviei não cheguei a vê-lo. Está a perceber, Jukes? Passei a tarde a pensar nisso tudo.
Tornou a levantar os olhos prosaicos, que pareciam cegos. Nunca ninguém o ouvira dizer tanta coisa de uma vez só. Jukes, com os braços abertos na ombreira da porta, era como um homem convidado a contemplar um milagre. Uma surpresa ilimitada estampava-se no seu olhar, enquanto todo o seu semblamte exprimia incredulidade.
- Uma tempestade é uma tempestade, senhor Jukes - resumiu o capitão - e um navio a vapor tem obrigação de enfrentá-la. Há por esse mundo fora muito temporal e o que se deve fazer é atravessá-lo sem recorrer àquilo que o velho capitão Wilson do Metila chama «estratégia da tempestade».
