Jukes pensou que não tinha conseguido fazer-se compreender.
- Os nossos escaleres... eu disse os escaleres, sir!
Dois já se foram.
A mesma voz, a poucos centímetros dele e contudo tão remota, gritou muito judiciosamente:
- Não se pode evitar.
O capitão MacWhirr nunca tinha voltado a cabeça, mas Jukes apanhou mais algumas palavras no vento.
- Que se pode... esperar... quando se atravessa… semelhante... Temos de deixar... alguma coisa para trás… é evidente.
Jukes pôs-se de ouvido à escuta à espera de mais. Não veio mais nada. Era isto tudo o que o capitão MacWhirr tinha para dizer; e Jukes mais imaginava do que via as largas costas atarracadas diante dele. Uma obscuridade impenetrável caía pesadamente sobre as cintilações fantasmagóricas do mar. Jukes foi tomado de uma surda convicção de que não havia nada a fazer.
Se o aparelho do leme não se avariasse, se os imensos volumes de água não metessem o tombadilho dentro ou não rebentassem uma das escotilhas, se as máquinas aguentassem, se fosse possível manter a rota do navio contra esse vento medonho, e se o próprio Nan-Shan não se sepultasse numa dessas vagas pavorosas, de cujas cristas, erguendo-se muito alto acima da proa, ele apenas conseguia ter de vez em quando um arrepiante vislumbre - então havia uma hipótese de o navio sobreviver. Qualquer coisa dentro dele parecia dar a volta, fazendo predominar o sentimento de que o Nan-Shan estava perdido.
- Ele está liquidado - dizia Jukes para consigo com uma surpreendente agitação mental, como se tivesse descoberto um significado inesperado no seu pensamento. Uma dessas coisas teria de suceder. Nada podia ser evitado agora, e nada podia ser remediado. Os homens a bordo não contavam, e o navio não podia resistir.
