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Capítulo 4: IV

Página 51
O vento lançara o seu peso sobre o navio, tentando cravá-lo no meio das vagas. Estas passavam-lhe por cima como sobre um tronco meio afundado; e o peso acumulado das ondas ameaçava monstruosamente de longe. As vagas a quebrarem-se precipitavam-se da noite com uma luz fantasmagórica nas cristas - a luz da espuma do mar que num relâmpago branco, feroz, efervescente, iluminava sobre o corpo esguio do navio a devastadora investida, a queda e a ebuliente correria louca de cada vaga. Nem por um momento o Nan-Shan conseguia sacudir de si a água que o cobria; Jukes, rígido, via nos movimentos do navio o sinal ominoso do afundamento fortuito. Ele já não lutava inteligentemente. Era o princípio do fim; e a nota de impaciente preocupação na voz do capitão MacWhirr afligiu-o como uma exibição de loucura cega e perniciosa.

O sortilégio da tempestade apoderara-se de Jukes.

Sentia-se penetrado por ele, absorvido por ele; estava enraizado nele com uma rigidez de militar estúpido na posição de sentido. O capitão MacWhirr persistia nos seus gritos mas o vento metia-se de permeio como uma sebe sólida. Abraçou-se ao pescoço de Jukes, tão pesado como uma mó, e de súbito as suas cabeças chocaram de lado.

- Jukes, senhor Jukes, ouça!

Ele tinha de responder àquela voz que não se calaria.

Respondeu como era seu costume: «••• Sim, senhor capitão.»

E imediatamente o seu coração, corrompido pela tempestade que gera um grande desejo de paz, se rebelou contra a tirania da eficiência e do comando.

O capitão MacWhirr tinha a cabeça do seu imediato firmemente presa na prega do cotovelo e puxava-a misteriosamente para os seus lábios que gritavam. De vez em quando Jukes interrompia-o, para bradar precipitadamente «Cuidado, sir!», ou era o capitão MacWhirr que berrava uma prudente exortação, «Agarre-se bem!», e todo o negro universo parecia andar à roda com o navio.

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pág. 51 (Capítulo 4)

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Capa do livro Tufão
Páginas: 103
Página atual: 51

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 37
IV 49
V 72
VI 91