Tufão - Cap. 5: V Pág. 80 / 103

Há qualquer coisa de horrivelmente repugnante na ideia de morrer afogado no interior de um navio. Agora que tinham arrumado o assunto com os chineses, voltavam a tomar consciência da situação do navio.

Jukes ao sair da passagem encontrou-se até ao pescoço no meio da água rugidora. Alcançou a ponte e descobriu que conseguia detectar formas obscuras como se a sua vista se tivesse tornado sobrenaturalmente aguda. Via contornos esbatidos que lhe recordavam, não o aspecto familiar do Nan-Shan, mas um velho vapor desmantelado que ele vira anos atrás a apodrecer numa praia lodosa. O Nan-Shan lembrava-lhe esse navio naufragado.

Não havia vento, nem um sopro, excepto as ligeiras correntes criadas pelos balanços súbitos do navio. O fumo que saía da chaminé vinha pousar em cima do convés. Jukes respirou-o enquanto se dirigia para a vante. Sentia o deliberado pulsar das máquinas, e ouvia pequenos sons que pareciam ter sobrevivido ao grande tumulto: o bater de juntas quebradas, o rápido rebolar de qualquer peça solta na ponte. Avistou' confusamente o vulto atarracado do seu capitão agarrado ao corrimão torcido da amurada da ponte, firme e balançando como se enraizado nas tábuas. A inesperada quietude do ar oprimia Jukes.

- Conseguimos, sir - arquejou.

- Eu estava convencido de que você conseguia disse o capitão MacWhirr.

- Ah sim? - murmurou Jukes para consigo.

- O vento caiu de repente - continuou o capitão.

- Se pensa que foi trabalho fácil... - começou a dizer Jukes.

Mas o capitão, sempre agarrado à amurada, não lhe prestou atenção.

- Segundo os livros o pior ainda não passou.

- Se a maioria deles não estivessem meio mortos de enjoo e medo, nenhum de nós teria saído vivo daquela entrecoberta - persistiu Jukes.





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