- Não, está maluco - respondeu o capitão MacWhirr concisamente.
- Mesmo assim parece que deu uma queda.
- Tive de empurrá-lo -. explicou o capitão.
Jukes soltou um suspiro impaciente.
- Vai chegar muito de repente - disse o capitão MacWhirr - e dali, acho eu. Mas só Deus sabe. Esses livros só servem para confundir a cabeça de uma pessoa e deixá-la nervosa. Será muito mau, e tem uma ponta. Se ao menos pudermos aumentar a pressão a tempo de lhe fazer frente...
Passou-se um minuto. Algumas das estrelas piscaram rapidamente e desapareceram.
- Deixou-os bastante seguros? - começou o capitão abruptamente, como se o silêncio fosse intolerável.
- Está a pensar nos coolies, sir? Instalei cabos salva-vidas a toda a largura da entrecoberta.
- Ah sim? Foi uma boa ideia, senhor Jukes.
- Eu não pensava... que lhe interessasse... saber - disse Jukes (o balanço do navio cortava-lhe o discurso como se alguém estivesse a sacudi-lo enquanto falava) - como resolvi... esse problema infernal. Está feito. E no fim é capaz de vir a dar tudo no mesmo...
- Temos de fazer o que é justo, para todos... eles são apenas chineses. Demos-lhes as mesmas possibilidades que nós temos... caramba. O navio ainda não está perdido. Já é bastante mau ficar fechado lá em baixo durante uma tempestade...
- Foi isso que eu pensei quando me mandou fazer esse trabalho, sir - atalhou Jukes taciturnamente.
-... mesmo sem andarem à pancada - prosseguiu o capitão MacWhirr com crescente veemência. - Não deixaria que uma coisa dessas continuasse no meu navio, mesmo que soubesse que só lhe restavam cinco minutos de vida. Não podia tolerá-lo, senhor Jukes.
Um ruído cavo que fazia eco, como o de um grito rolando numa ravina rochosa, aproximou-se do navio e tornou a afastar-se.