Tufão - Cap. 1: I Pág. 9 / 103

Jukes arremessou a nova linha de sonda para a coberta da proa com um alto «Aqui a tem, mestre, não se esqueça de molhá-la bem» e voltou-se com uma imensa resolução para o seu comandante; mas o capitão MacWhirr apoiava confortavelmente os cotovelos na amurada da ponte.

- Porque seria entendido, creio eu, como sinal de perigo - continuou ele. - Que acha você? Aquele elefante ali, suponho, representa qualquer coisa como a Union Jack na bandeira...

- Ah sim? - gritou Jukes, fazendo com que todas as cabeças que se encontravam nas cobertas do Nan-Shan se voltassem para a ponte. Depois suspirou, e com súbita resignação: - O elefante, de pernas para o ar, teria sem dúvida um aspecto tremendamente assustador - admitiu ele, mansamente.

Mais tarde nesse mesmo dia abordou o primeiro-maquinista com um confidencial «Ora escute a última saída do velho».

O senhor Salomão Rout (frequentemente aludido como o Grande Salo, o Velho Salo e o Tio Rout), por ser quase invariavelmente o homem mais alto a bordo de todos os navios onde ia trabalhar, tinha adquirido o hábito de uma calma e curvada condescendência. O seu cabelo era ralo e ruivo, as faces chupadas eram pálidas, os pulsos ossudos e as compridas mãos de intelectual eram pálidos também, como se ele tivesse passado toda a vida à sombra.

Sorriu de alto para Jukes e continuou a fumar e a lançar em volta olhadelas tranquilas, à maneira de um tio bondoso prestando atenção à conversa de um colegial excitado. Depois, grandemente divertido mas impassível, perguntou:

- E você mandou o emprego à fava?

- Não - gritou Jukes, erguendo a voz abatida e desencorajada acima do zumbido irritante dos guinchos de fricção do Nan-Shan. Estavam todos eles a trabalhar incessantemente, arrebatando lingadas de carga, muito alto, até à extremidade de compridos guindastes, apenas, assim parecia, para deixá-las precipitar-se temerariamente pela quelha.





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