Sem dar conta do que estava fazendo, Alice apanhou um pequeno graveto e o estendeu para ele: na mesma hora o cãozinho saltou no ar com as quatro patas de uma vez, soltando um ganido de alegria, e investiu contra o graveto como se fosse agarrá-lo com os dentes. Alice escondeu-se atrás de um grande cardo, com medo de ser pisada. E, quando ela apareceu do outro lado, o cãozinho investiu outra vez contra o graveto; porém, com a pressa de pegá-lo caiu de cabeça. Alice, então, achando que aquilo era como brincar com um cavalo e temendo a cada instante ser esmagada sob suas patas, correu de volta para o cardo. O cãozinho começou então uma série de investidas contra o graveto, indo a cada vez um pouco para frente e muito para trás, rosnando o tempo todo, até que se cansou e sentou-se mais adiante, ofegando, com a língua de fora e seus olhões quase fechados. Pareceu a Alice uma boa oportunidade para escapar: disparou num ímpeto e correu até cansar e ficar sem fôlego, e até que o latido do cãozinho quase sumisse na distância.
“Apesar de tudo, era uma graça de cãozinho!” falou Alice, enquanto se recostava num ranúnculo para descansar e abanarse com uma folha. “Eu adoraria ensinar-lhe umas brincadeiras, se... se eu tivesse o tamanho certo para isso! Oh, meu Deus! Quase me esqueci que tenho de crescer outra vez! Deixe-me ver... como se faz isso? Acho que devo comer ou beber alguma coisa; mas a grande questão é ‘O quê?’
A grande questão certamente era “O quê?”. Alice olhou as flores e as folhas de relva ao redor, mas não viu nada que parecesse a coisa certa para comer ou beber naquelas circunstâncias. Havia, porém, um grande cogumelo ali perto, mais ou menos da sua altura; depois de olhar embaixo dele, dos lados e atrás, ocorreu-lhe que poderia muito bem olhar em cima e ver se havia algo ali.