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Capítulo 7: Capítulo 7

Página 194

- Ficar lá em cima - respondi -, negar-se a descer de novo até aos prisioneiros e compartilhar com eles trabalhos e honras, seja qual for o caso em que isso deva ser feito.

- Como assim! - exclamou. - Cometeremos em relação a eles a injustiça de os forçar a levar uma vida miserável, quando poderiam desfrutar uma condição mais feliz?

- Esqueces uma vez mais, meu amigo, que a lei não se ocupa de garantir uma felicidade excepcional a uma classe de cidadãos, mas esforça-se por realizar a felicidade de toda a cidade, unindo os cidadãos pela persuasão ou a sujeição e levando-os a compartilhar as vantagens que cada classe pode proporcionar à comunidade; e que, se ela forma tais homens na cidade, não é para lhes dar a liberdade de se voltarem para o lado que lhes agrada, mas para os levar a participar na fortificação do laço do Estado. - É verdade - disse ele -, tinha-me esquecido disso.

- Aliás, Gláucon, nota que não seremos culpados de injustiça para com os filósofos que se formarem entre nós, mas teremos justas razões a apresentar-lhes forçando-os a encarregar-se da orientação e da guarda dos outros. Com efeito, dir-lhes-emos: «Nas outras cidades, é natural que aqueles que se tornaram filósofos não participem nos trabalhos da vida pública, visto que se formaram a si mesmos, apesar do governo dessas cidades; ora, é justo que aquele que se forma a si mesmo e não deve o sustento a ninguém não queira pagar o preço disso a quem quer que seja. Mas vós fostes formados por nós, tanto no interesse do Estado como no vosso, para serdes o que são os chefes e os reis nas colmeias; demos-vos uma educação melhor e mais perfeita que a desses filósofos e tornámos-vos mais capazes de aliar a condução dos negócios ao estudo da filosofia. Por isso, é preciso que desçais, cada um por sua vez, à morada comum e vos acostumeis às trevas que aí reinam; quando vos tiverdes familiarizado com elas, vereis mil vezes melhor que os habitantes desse lugar e conhecereis a natureza de cada imagem e de que objecto ela é a imagem, porque tereis contemplado verdadeiramente o belo, o justo e o bem. Assim, o governo desta cidade que é a vossa e a nossa será uma realidade, e não um sonho vão, como o das cidades actuais, onde os chefes se batem por sombras e disputam a autoridade, que consideram um grande bem.

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pág. 194 (Capítulo 7)

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Capa do livro A República
Páginas: 290
Página atual: 194

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 45
Capítulo 3 71
Capítulo 4 102
Capítulo 5 129
Capítulo 6 161
Capítulo 7 189
Capítulo 8 216
Capítulo 9 243
Capítulo 10 265