Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 1: Capítulo 1

Página 5

— É verdade—confessou.

— Perfeitamente — retorqui. — Mas diz-me: de que bem supremo achas que a posse de uma grande fortuna te proporcionou o gozo?

— Se o disser — respondeu —, talvez não convença muita gente. Fica sabendo, Sócrates, que, quando um homem começa a pensar na morte, o medo e a preocupação assaltam-no a propósito de coisas que, antes, não o perturbavam. O que se conta sobre o Hades e os castigos que ai deve receber aquele que neste mundo cometeu a injustiça, essas fábulas, de que se riu até então, passam a atormentar-lhe a alma: receia que sejam verdadeiras. E — ou por causa da fraqueza da idade, ou porque, estando mais perto das coisas do além, as vê melhor — o seu espírito enche-se de desconfiança e terror; reflecte, indaga se se tornou culpado de injustiça para com alguém. E aquele que descobre na sua vida muitas iniquidades, acordado frequentemente a meio da noite, como as crianças, tem medo e vive numa triste expectativa. Mas junto daquele que se sabe inocente vela sempre uma agradável esperança, benfazeja alimentados da velhice, para falar como Pindaro. Com efeito, de modo feliz, Sócrates, este poeta disse do homem que levou uma vida justa e piedosa que

agradável ao seu coração

e alimentados dos seus últimos anos, acompanha-o

a esperança, que governa

a alma instável dos mortais.

E isto está maravilhosamente dito. Neste aspecto, considero a posse das riquezas muito preciosa, não para todos os homens, mas para o sábio e o ordenado. É que a posse das riquezas contribui em grande parte para evitar que, constrangido, a gente engane ou minta e que, por causa dos sacrifícios a um deus ou do dinheiro a um homem, se passe em seguida ao outro mundo com medo. Tem ainda muitas outras vantagens. Mas, se as confrontarmos uma a uma, afirmo, Sócrates, que, para o homem sensato, é ai que reside a maior utilidade do dinheiro.

<< Página Anterior

pág. 5 (Capítulo 1)

Página Seguinte >>

Capa do livro A República
Páginas: 290
Página atual: 5

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 45
Capítulo 3 71
Capítulo 4 102
Capítulo 5 129
Capítulo 6 161
Capítulo 7 189
Capítulo 8 216
Capítulo 9 243
Capítulo 10 265