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Capítulo 3: Capítulo 3

Página 82

- Ora, a primeira não comporta senão pequenas variações e, quando se tiver dado ao discurso a harmonia e o ritmo que lhe convêm, pouco mais será preciso que conservar essa mesma e única harmonia - que é quase uniforme - e um ritmo que, de modo semelhante, não se altera.

-. É exactamente como dizes.

- Mas a outra não exige o contrário? Não precisa de todas as harmonias, todos os ritmos, para se exprimir da maneira que lhe é própria, visto que comporta todas as formas de variações?

- Muito bem observado.

- Mas todos os poetas, e em geral os que contam, não empregam uma ou outra destas formas de dicção ou uma mistura de ambas?

- Necessariamente - disse ele.

- Que faremos, então? - inquiri. - Admitiremos na nossa cidade todas essas formas, uma ou outra das formas puras ou o seu conjunto? - Se a minha opinião prevalecer - respondeu -, decidir-nos-emos a favor da forma pura que imita o homem de bem.

- Contudo, Adimanto, a forma mista tem muita aceitação; e a forma de longe mais agradável às crianças, aos seus governadores e à multidão é a contrária da que tu preferes.

- Com efeito, é a mais agradável.

- Mas - prossegui - talvez me digas que não convém ao nosso Governo, porque não há entre nós homem duplo nem múltiplo e cada um só faz uma única coisa.

- Com efeito, não convém.

- Portanto, não é por causa disso que na nossa cidade somente se encontrará o sapateiro sapateiro, e não piloto ao mesmo tempo que sapateiro, o lavrador lavrador, e não juiz ao mesmo tempo que lavrador, o guerreiro guerreiro, e não comerciante ao mesmo tempo que guerreiro, e assim para todos?

- É verdade - disse ele.

- Portanto, se um homem aparentemente capaz, pela sua habilidade, de tomar todas as formas e imitar tudo viesse à nossa cidade para aí se realizar, ele e os seus poemas, saudá-lo-íamos baixinho como um ser sagrado, espantoso, agradável; mas dir-lhe-íamos que não há homem como ele na nossa cidade e que não pode haver; em seguida mandá-lo-íamos para outra cidade, depois de lhe termos derramado mirra na cabeça e de o coroarmos de faixas. Por nossa conta, visando a utilidade, recorreremos ao poeta e ao narrado r mais austero e menos agradável, que imitará para nós o tom do homem honrado e obedecerá, na sua linguagem, às regras que estabelecemos logo de início, quando empreendíamos a educação dos nossos guerreiros.

- Sim - disse ele -, agiremos desse modo, se isso depender de nós.

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Capa do livro A República
Páginas: 290
Página atual: 82

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 45
Capítulo 3 71
Capítulo 4 102
Capítulo 5 129
Capítulo 6 161
Capítulo 7 189
Capítulo 8 216
Capítulo 9 243
Capítulo 10 265