O Livro da Selva - Cap. 5: RÍQUI -TÍQUI -TÁVI Pág. 103 / 158

Mas Ríqui não sabia, e com os olhos muito vermelhos embalava-se para diante e para trás, procurando um ponto próprio para se agarrar. Caraite arremeteu. Ríqui-Tíqui deu um salto para o lado e tentou voltar-se num ápice, mas a perversa cabecinha cinzenta de pó zuniu-lhe rente ao ombro e ele teve de saltar em reviravolta com a cabeça ao pé dos calcanhares.

Teddy bradou para casa:

- Ora vejam! O nosso mangusto está a matar uma cobra.

E Ríqui-Tíqui ouviu um grito da mãe de Teddy. O pai saiu a correr com um pau, mas, quando se aproximou, Caraite investira de novo, desta vez longe de mais, e Ríqui-Tíqui pulara e caíra sobre o dorso da cobra, dobrara a cabeça ao máximo entre as patas dianteiras, ferrara os dentes o mais perto da nuca que pudera e afastou-se rebolando. A ferradela paralisou Caraite, e Ríqui-Tíquí ia já a começar a comê-la a partir da cauda, segundo o costume da família, quando se lembrou de que uma refeição farta torna o mangusto lento, e, se queria dispor de toda a sua força e rapidez, precisava de se conservar ágil.

Abalou a tomar um banho de pó debaixo das sebes de rícino enquanto o pai de Teddy batia em Caraite já morta. «Para que serve aquilo? - pensou Ríqui-Tíqui. - Eu já lhe pus ponto final.» E então a mãe de Teddy apanhou-o do pó e apertou-o contra si, bradando que salvara o menino da morte, e o pai disse que ele era uma providência, enquanto Teddy arregalava os olhos assustados. Ríqui-Tíqui achava graça a todo este aranzel, que ele, naturalmente, não compreendia. Era como se a mãe de Teddy fizesse festas ao filho por brincar no pó. Ríqui-Tíqui estava a divertir-se à grande.

Nessa noite, ao jantar, cirandando sobre a mesa entre os copos de vinho, poderia ter-se empanturrado três vezes de coisas boas, mas lembrou-se de Nague e.





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