O Livro da Selva - Cap. 6: TUMAI DOS ELEFANTES Pág. 125 / 158

Façam alto vocês, que vêm atrás.

E deste modo, conversando, altercando e chafurdando através dos rios, fizeram a primeira marcha até uma espécie de acampamento de recepção dos novos elefantes, mas muito antes de lá chegarem perderam de todo a paciência.

Os elefantes foram então amarrados com cadeias, pelas pernas traseiras, a grandes estacas de troncos e aos novos aplicaram-se cabos suplementares; diante deles amontoou-se-lhes a forragem, e os condutores serranos voltaram para Petersen Sàibe ainda à luz da tarde, dizendo aos condutores da planície que tivessem especial cuidado essa noite e rindo-se, quando estes lhes perguntavam porquê.

Tumai Pequeno tratou da ceia de Cala Nague e ao cair da noite vagueou pelo acampamento, inefavelmente feliz, em busca de um tantã. Quando um miúdo indiano sente o coração a transbordar não se põe a correr de um lado para o outro e a fazer barulho desordenado. Senta-se a uma espécie de banquete, só para ele. E Tumai Pequeno tinha sido interpelado por Petersen Sàibe! Se não tivesse encontrado o que queria creio que teria rebentado. Mas o doceiro do acampamento emprestou-lhe um pequeno tantã - tambor que se toca com a palma da mão -, e ele, de tantã no regaço, sentou-se de pernas cruzadas diante de Cala Nague quando as estrelas começaram a aparecer, e pôs-se a tocar, a tocar, a tocar, e quanto mais pensava na grande honra concedida tanto mais tocava, completamente só no meio da forragem dos elefantes. Não havia melodia nem letra, mas o bater tornava-o feliz.

Os elefantes recém-capturados esticavam as cordas, guinchavam e urravam de vez em quando, e ele ouvia a mãe na cabana do acampamento a adormecer o irmãozinho, com uma velhíssima canção relativa ao grande deus Xiva, que outrora dissera a todos os animais o que haviam de comer.





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