Um elefante dos novos por pouco não arrancou a estaca, e Tumai Grande tirou a Cala Nague a cadeia das pernas e peou aquele elefante da pata dianteira à pata traseira, mas enfiou a Cala Nague um laço de corda de palha na perna e disse-lhe que se lembrasse de que estava bem preso. Sabia que ele, o pai e o avô haviam feito a mesma coisa centenas de vezes. Cala Nague não respondeu a esta ordem gorgolejando, como era seu costume. Continuou imóvel olhando para além do luar, de cabeça um pouco erguida e orelhas estendidas em leque, para as grandes dobras dos montes Garou.
- Cuida dele, se durante a noite se mostrar inquieto - disse Tumai Grande, que entrou na sua cabana para dormir. Tumai Pequeno estava também prestes a adormecer quando ouviu o cordel de Cairo estalar com um pequeno tang e Cala Nague saiu, rebolando-se das estacas tão lenta e caladamente como uma nuvem ao sair da boca de um vale. Tumai Pequeno patinhou atrás dele, descalço, estrada abaixo, ao luar, chamando de respiração contida:
- Cala Nague! Cala Nague! Leva-me também, Cala Nague! O elefante voltou-se sem ruído, deu três passos para trás, ao luar, em direcção ao rapaz, baixou a tromba, guindou-o para cima do cachaça, e antes que Tumai Pequeno tivesse ajeitado bem os joelhos embrenhou-se na floresta.
Ouviu-se uma trovoada de roncos furiosos vindos das fileiras, depois o silêncio abateu-se sobre tudo, e Cala Nague começou a andar. Por vezes, um tufo de erva alta lambia-lhe todo o flanco como uma onda lambe todo o costado de um navio, outras, um ramalhete de pimenteiras bravas raspava-lhe todo o dorso ou um bambu estalava, quando lhe tocava com a espádua; mas, fora isso, deslocava-se em absoluto silêncio, deslizando pela espessa floresta de Garou como se esta fosse de fumo.