O Livro da Selva - Cap. 6: TUMAI DOS ELEFANTES Pág. 131 / 158

Uma vez estremeceram e fitaram as orelhas para a frente, ao ouvirem o tilintar de um grilhão na floresta, mas era Pudmini, a elefanta favorita de Petersen Sàibe, com a corrente rebentada rente à perna, grunhindo ofegante na subida da encosta. Devia ter quebrado as amarras e vindo directamente do acampamento de Petersen Sàibe; Tumai Pequeno viu outro elefante, um que ele não conhecia, com fundas escoriações de cordas no dorso e no peito. Também esse devia ter fugido de qualquer acampamento das serras vizinhas.

Por fim, já não se ouvia qualquer ruído de mais elefantes a moverem-se na floresta, e Cala Nague rebolou do seu posto entre as árvores, dirigindo-se para o meio da chusma a resmungar e a gorgolhar, e todos os elefantes se puseram a falar na sua língua e a andar de um lado para o outro.

Sempre estendido, Tumai Pequeno via abaixo de si dezenas e dezenas de largos dorsos, orelhas agitadas, trombas em movimento e olhos pequeninos a revolverem-se. Ouvia o matraquear dos colmilhos ao cruzarem-se com outros por acaso, o raspar seco das trombas entrelaçadas, o roçar de enormes flancos e espáduas da multidão, e as repetidas chicotadas das grandes caudas. Uma nuvem então encobriu a Lua e ele ficou na mais negra escuridão; mas os apertos, empurrões e gorgolhos tranquilos e constantes continuaram do mesmo modo. Sabia que Cala Nague estava rodeado de elefantes e que não havia possibilidade de o fazer sair da assembleia, ferrou por isso os dentes e tiritou. Numa queda havia ao menos os archotes e o berreiro, mas aqui achava-se completamente calado e às escuras, e de uma vez uma tromba ergueu-se e tocou-lhe no joelho.

Depois um elefante pôs-se a urrar e todos lhe seguiram o exemplo durante cinco ou dez terríveis segundos.





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