O Livro da Selva - Cap. 7: SERVIDORES DE SUA MAJESTADE Pág. 154 / 158

- Irei amanhã ao desfile no meu docar - disse ela. - Onde estarás tu?

- À esquerda do segundo esquadrão. Eu marco o andamento para todo o meu esquadrão, senhorinha - disse ele cortesmente. - Agora preciso de voltar para Ricardo. Tenho a cauda enlameada e ele vai precisar de duas horas de trabalho aturado para me preparar para o desfile.

A grande parada de trinta mil homens efectuou-se nessa tarde, e eu e a Raposinha tínhamos um bom lugar junto do vice-rei e do emir do Afeganistão, com o seu grande e negro chapéu alto de astracã e a grande estrela de diamantes no centro. A primeira parte da parada realizou-se toda com sol radioso e os regimentos desfilaram em vagas sucessivas, de pernas em movimento e de espingardas em linha, até que os olhos sofriam vertigens. A seguir surgiu a cavalaria, a galope curto, ao toque lindo de Bonnie Dundee, e a Raposinha, em seu lugar no docar, fitou as orelhas. Passou como uma flecha o segundo esquadrão de Lanceiros, e lá ia o cavalo do regimento, com a cauda de seda fiada, a cabeça puxada para o peito, uma orelha para a frente e outra para trás, marcando o andamento para todo o esquadrão, com as pernas em movimento tão regular como música de valsa. Passaram depois as grandes peças, e vi Dois Rabos e mais dois elefantes atrelados em linha a um canhão de cerco de tiros de vinte quilos, logo atrás seguiam a passo vinte juntas de bois... A sétima junta levava um jugo novo e os dois animais pareciam doridos e cansados. Por último vinha a Artilharia de montanha, e a mula Biddy ia tão empertigada como se comandasse aquela tropa toda e levava os arreios tão untados e polidos que cintilavam. Dei um viva exclusivamente meu à mula Biddy, mas ela não se dignou olhar nem para a direita nem para a esquerda.





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