A chuva começou a cair de novo e, durante um bocado, a névoa era tanta que não deixava ver o que as tropas faziam. Haviam formado um grande semicírculo através da planície e estavam a estender-se em linha. Essa linha aumentou, aumentou e tornou a aumentar, até que atingiu o comprimento de três quartos de milha, de ala a ala - muralha sólida de homens, cavalos e peças. Depois avançou em linha recta para o vice-rei e o emir, e, à medida que se aproximava, o chão começou a tremer como o convés de um navio quando a máquina trabalha a todo o vapor.
Quem não tenha assistido não faz ideia do efeito aterrador que esta aproximação regular das tropas exerce sobre os espectadores, mesmo quando sabem que é apenas desfile. Olhei para o emir. Até então, não dera o mais leve sinal de espanto ou de qualquer outra coisa, mas agora os olhos começaram a abrir-se-lhe cada vez mais, e ele pegou nas rédeas do pescoço do cavalo e olhou para trás. Durante um minuto pareceu que ia desembainhar a espada e abrir caminho à cutilada, através dos ingleses e inglesas das carruagens à retaguarda. O avanço parou então de repente, o chão imobilizou-se e toda a linha fez a continência, trinta bandas de música romperam a tocar ao mesmo tempo. Terminada a revista os regimentos recolheram aos seus acampamentos debaixo de chuva, e uma das bandas de Infantaria executou a marcha:
Entravam dois a dois os animais, Hurrá!
Entravam dois a dois os animais,
O elefante e o macho de bateria,
E todos entravam na Arca,
Para se livrarem da chuva que caía.
Ouvi então um velho chefe da Ásia Central de cabeleira comprida e grisalha, que viera com o emir, a fazer perguntas a um oficial indígena.
- Ora - disse ele -, como se conseguiu toda esta maravilha? E o oficial respondeu:
- Houve uma ordem e todos a cumpriram.
