- Que pensa disto, Watson? - perguntou, virando-se subitamente para mim.
- Não percebo a mistificação de que foi vítima Scott Eccles.
- Sim, mas o crime?
- Tendo em conta o desaparecimento dos companheiros do homem, eu diria que estavam de algum modo implicados no crime e que fugiram à justiça.
- É possível. Deve, contudo, admitir que é muito estranho que os seus dois servidores tenham conspirado contra a sua vida e, decidido matá-lo precisamente na noite em que ele tinha visitas. O homem estivera à mercê deles em todas as outras noites da semana.
- Então por que fugiram?
- Ora aí está! Por que fugiram? Eis uma questão fundamental. Outra é a singular experiência do nosso cliente, Scott, Eccles. Estará fora dos limites do engenho humano, meu caro Watson, fornecer uma explicação para os dois factos em conjunto? Se houvesse uma que englobasse também o misterioso bilhete com a sua curiosa fraseologia, valeria a pena aceitá-la como hipótese provisória. Se os factos novos que vão chegando ao nosso conhecimento se integrarem na explicação, a nossa hipótese pode transformar-se a pouco e pouco numa solução.
- Mas qual é a nossa hipótese?
Holmes recostou-se, semicerrando os olhos.
- Tem que admitir, meu caro Watson, que a ideia de uma partida é insustentável. Estavam em marcha acontecimentos graves, como veio a demonstrar-se, e o convite dirigido a Scott Eccles para visitar Wisteria Lodge tinha alguma relação com esses acontecimentos.
- Mas qual?
- Analisemos o caso ponto por ponto, Antes do mais, existe algo de artificial na súbita e estranha amizade entre o jovem espanhol e Scott Eccles. Foi o primeiro quem forçou a situação. Visitou Eccles no outro extremo de Londres logo no dia seguinte àquele em que o conheceu, e manteve-se em estreito contacto com ele até o convencer a ir a Esher.