Ora bem: que pretendia o homem de Eccles? De que forma podia Eccles servi-lo? Não vejo em Eccles particular encanto. Não é nenhuma inteligência... nem o tipo de homem capaz de proporcionar convívio interessante a um latino extrovertido. Por que foi então escolhido entre todas as outras pessoas conhecidas de Garcia? Por que razão estava especialmente indicado para o objectivo da visita? Terá alguma característica particular? Eu diria que sim. Eccles é o representante típico da mais convencional respeitabilidade britânica, o homem perfeito para, como testemunha, impressionar qualquer inglês. Você próprio viu como a nenhum dos inspectores passou sequer pela cabeça pôr em causa as suas declarações, apesar de invulgaríssimas.
- Mas que devia ele testemunhar?
- Nada, devido ao modo como correram as coisas, mas tudo se tivessem corrido de outra maneira. É o que penso.
- Estou a ver... Poderia ter arranjado um álibi.
- Nem mais, meu caro Watson; poderia ter arranjado um álibi. Suponhamos, para articular a nossa teoria, que os habitantes de Wisteria Lodge se associaram com vista a um determinado objectivo, a praticar determinado acto. Este acto, seja qual for; deve ocorrer, digamos, antes da uma hora. Manipulando os relógios, é perfeitamente possível que tenham mandado Scott Eccles para a cama mais cedo do que este julga; de qualquer medo, é provável que quando Garcia lhe bateu à porta para lhe dizer que era uma hora fosse apenas meia-noite. Se Garcia pudesse fazer o que tinha a fazer e estar de-volta à uma hora, teria resposta irrespondível para qualquer acusação. Lá estaria um inglês acima de toda a suspeita pronto a jurar em tribunal que o acusado nunca saíra de casa.