A Última Aventura de Sherlock Holmes - Cap. 8: A AVENTURA DO PÉ DO DIABO Pág. 170 / 210

- Notável... notabilíssimo! - observou Holmes, levantando-se e pegando no chapéu. - Acho melhor irmos até Tredannick Wartha sem demora. Confesso que raras vezes tenho tido casos que à primeira vista apresentem problema tão singular.

As nossas diligências nessa manhã pouco fizeram avançar a investigação. Todavia, um acidente inicial deixou em mim a mais sinistra impressão. O acesso ao local da tragédia fazia-se por um estreito e sinuoso caminho rural. Enquanto o percorríamos, ouvimos as rodas de uma carruagem avançando para nós, e afastámo-nos para a deixar passar. Vi então de relance, através da janela fechada, um rosto horrivelmente contorcido, sorridente, a fitar-nos. Com os olhos fixos e os dentes, rangendo ultrapassaram-nos como uma visão demoníaca.

- Os meus irmãos! - exclamou, lívido, Mortimer Tregennis. Levam-nos para Helston!

Olhámos horrorizados a carruagem negra, afastando-se aos solavancos. Depois dirigimo-nos para a sinistra casa na qual três pessoas haviam encontrado tão estranho destino.

Era uma residência ampla e desafogada, uma vivenda, com um jardim de razoável tamanho que, no clima da Cornualha, estava já cheio de flores primaveris. A janela da sala dava para este jardim, e por ela, segundo Mortimer Tregennis devia ter entrado a tal coisa diabólica que num momento, por simples efeito de horror, enlouquecera os homens. Holmes avançou lenta e pensativamente pelo meio dos canteiros, a caminho do alpendre. Tão absorto caminhava que, tropeçou num balde de água, entornou-o e molhou os nossos pés, bem como o caminho. Fomos recebidos pela velha governanta, Mrs. Porter, que, ajudada por uma rapariga, olhava pela família. Respondeu de boa vontade a todas as perguntas de Holmes.





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