O meu amigo sorriu e pousou a mão no meu braço.
- Penso, Watson, que vou retomar o envenenamento pelo tabaco que você tantas vezes e tão Justamente condena - disse. - Com vossa licença, meus senhores, regressaremos aos nossos aposentos, pois não me parece que descubramos aqui algo de novo. Vou reflectir sobre os factos, Mr. Treguennis, e se apurar alguma coisa entrarei em contacto com o senhor e com ,o vigário. Bom dia!
Só muito depois de termos voltado a Poldhu Cottage, Holmes quebrou o seu profundo silêncio. Mantinha-se enroscado na poltrona, o rosto macilento e ascético quase invisível no meio das volutas azuis do fumo do tabaco, as sobrancelhas negras franzidas, a testa contraída, os olhos perdidos na distância. Por fim, pousou o cachimbo e levantou-se.
- Assim não pode ser, Watson! - disse, rindo. - Vamos dar um passeio pelos penhascos, procurar setas de sílex, Encontrá-las-emos mais facilmente do que pistas para este caso. Deixar o cérebro trabalhar sem material bastante é como forçar um motor; desfaz-se em pedaços. O ar marítimo, o sol, a paciência, Watson... e tudo o mais virá!
Enquanto subíamos os penhascos, Holmes prosseguiu:
- Definamos calmamente a nossa posição, Watson. Vejamos o pouco que sabemos, para, quando surgirem factos novos, estarmos prontos a entendê-los. Presumo, em primeiro lugar, que nenhum de nós está disposto a admitir intromissões diabólicas nos assuntos humanos. Comecemos por pôr de parte essa possibilidade. Muito bem. Temos três pessoas que foram severamente agredidas por uma acção humana, consciente ou inconsciente. Isto é claro. Quando foi que aconteceu? Admitindo que o relato de Mr. Mortimer Tregennis é verídico, foi imediatamente após ele ter deixado a sala.