- Aqui não há nada - dizia Baynes, vela na mão, de quarto em quarto. - Mas agora, Mr. Holmes, peço a sua atenção aqui para a cozinha.
Era uma divisão sombria de tecto alto, nas traseiras da casa, com uma enxerga de palha a um canto que aparentemente, servira de cama ao cozinheiro. A mesa estava cheia de travessas com restos de comida e pratos sujos, o que sobrara do jantar da noite anterior.
- Veja isto - disse Baynes. - Que lhe parece?
Iluminou com a vela um extraordinário objecto ao fundo do aparador. Estava tão amarfanhado, tão mirrado, que era difícil dizer o que fora. Via-se apenas que era preto e curtido, e que possuía algumas semelhanças com uma figura humana, anã. A princípio, quando a examinei, julguei tratar-se de um bebé negro mumificado; depois, pareceu-me um macaco antigo e deformado. Acabei por ficar na dúvida: seria um animal ou um ser humano? Uma fiada dupla de conchas brancas rodeava-o pelo meio.
- Muito interessante... muitíssimo interessante! - disse Holmes, observando de perto a sinistra relíquia. - Mais alguma coisa?
Em silêncio, Baynes aproximou-se da pia e estendeu a mão com a vela. Sobre a pia estavam espalhados os membros e o corpo de uma ave, branca e grande, selvaticamente reduzida a pedaços, com as penas ainda agarradas à carne. Holmes apontou a crista na cabeça decepada.
- Um galo branco - disse. - Interessantíssimo! Trata-se realmente de um caso muito curioso.
Porém, Mr. Baynes guardara para o fim a sua mais sinistra revelação. De debaixo da pia retirou um balde de zinco com sangue. Depois, de cima da mesa, pegou num prato cheio de pedacinhos de ossos carbonizados.
- Alguma coisa mataram e alguma coisa queimaram. Retiramos isto do lume.