A Última Aventura de Sherlock Holmes - Cap. 8: A AVENTURA DO PÉ DO DIABO Pág. 188 / 210

Ainda não entrou na farmacopeia nem na literatura toxicológica. A raiz tem a forma de um pé, meio de homem, meio de cabra; daí o sugestivo nome que um missionário botânico lhe deu. É usada como veneno, em ordálias, pelos feiticeiros de certas regiões da África Ocidental e preservado como segredo. Esta amostra foi por mim obtida em circunstâncias extraordinárias, no Ubangi.

Sterndale abriu o pacote e revelou um montinho de pó vermelho-acastanhado, como rapé.

- E então, sir? - perguntou Holmes, impaciente.

- Vou contar-lhe tudo, Mr. Holmes, O senhor já sabe tanto que é do meu interesse que fique a saber tudo. Já expliquei a minha relação com a família Tregennis. Por causa de Brenda, era amigo dos irmãos. Houve uma disputa familiar com motivo em dinheiros que afastou esse Mortimer, mas a situação foi aparentemente ultrapassada e eu passei a relacionar-me com ele como com os outros. Mortimer era um homem astuto, subtil, ardiloso, e aconteceram várias coisas que me fizeram suspeitar dele. Não tinha, porém, motivo para o interpelar.

"Um dia, há cerca de duas semanas, apareceu-me em casa e eu mostrei-lhe algumas das minhas curiosidades africanas. Entre outras coisas, mostrei-lhe este pó e falei-lhe nas suas estranhas propriedades, de como estimula determinados centros nervosos que controlam as emoções do medo e de como a loucura ou a morte é o destino do infeliz nativo sujeito à ordália pelo feiticeiro da tribo. Disse-lhe também como a ciência europeia é impotente para o detectar. De que modo ele mo roubou não sei, porque nunca abandonei a sala, mas não há dúvida de que foi quando eu abria armários e me debruçava sobre caixas que ele conseguiu apoderar-se de uma porção de raiz de pé do diabo.





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