A Última Aventura de Sherlock Holmes - Cap. 4: A AVENTURA DO CÍRCULO VERMELHO Pág. 73 / 210

- A minha suposição, como viu, estava certa - disse-me Holmes, falando das profundezas da sua poltrona. - Houve uma substituição de hóspedes. Só não previ que encontrássemos uma mulher, e uma mulher que não é vulgar, Watson.

- Ela viu-nos.

- Viu, pelo menos, algo que a assustou, não há dúvida. A sequência dos acontecimentos essenciais é claríssima, não acha? Um casal procura refugiar-se em Londres de um perigo terrível e iminente, como se deduz das rigorosas medidas de precaução tomadas. O homem, que tem não sabemos o quê para fazer, deseja entretanto, deixar a mulher em absoluta segurança. Não é fácil, mas resolveu o problema de um modo original e tão eficazmente que a sua presença nem sequer é conhecida da dona da casa que lhe leva a comida. A letra de imprensa das mensagens destinava-se, como agora se percebe, a evitar que o sexo do hóspede fosse descoberto pela caligrafia. O homem não pode aproximar-se da mulher, sob pena de conduzir até ela os seus inimigos. Como também não pode comunicar directamente com ela, recorre aos pequenos anúncios de um jornal. Até aqui, não há dúvidas.

- Mas que estará por trás disto tudo?

- Ah, sim, Watson... Implacavelmente prático, como de costume! Que estará por trás disto tudo? A bizarra situação em que Mrs. Warren se viu tem que se lhe diga e assume aspectos cada vez mais sinistros, à medida que avançamos. Uma coisa é certa: não se trata de uma vulgar fuga de apaixonados. Você bem viu o rosto da mulher perante um sinal de perigo. Sabemos também do ataque ao dono da casa, que se destinava, evidentemente, ao hóspede. Este susto e a busca desesperada de segredo indicam que a questão é de vida ou de morte. O ataque a Mr. Warren mostra, além disso, que o inimigo, seja quem for, não sabe da substituição do hóspede masculino pelo feminino.





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