A Última Aventura de Sherlock Holmes - Cap. 4: A AVENTURA DO CÍRCULO VERMELHO Pág. 81 / 210

- Era um demónio e um monstro, e não pode haver no mundo juiz capaz de punir o meu marido por o ter morto.

- Nesse caso - disse Holmes -, sugiro que fechemos esta porta, deixemos as coisas como as encontrámos, passemos com esta senhora ao quarto dela e formemos uma opinião depois de ouvirmos o que tem para nos dizer.

Meia hora maia tarde, sentávamo-nos os quatro na saleta de Mrs. Lucca, escutando atentamente a sua notável narrativa dos sinistros acontecimentos, os últimos dos quais pudéramos testemunhar. Ela falava um inglês rápido e fluente, porém muito pouco ortodoxo, que eu, por uma questão de clareza, corrigirei.

- Nasci em Posilippo, perto de Nápoles, filha de Augusto Barelli, o principal advogado, e em tempos deputado, da região. Gennaro era empregado de meu pai e apaixonei-me por ele como qualquer mulher se apaixonaria. Gennaro não tinha dinheiro nem posição, nada além da sua beleza, da sua força, da sua energia... e, por isso, meu pai proibiu o namoro. Fugimos, casámos em Bari e eu vendi as minhas jóias para obter o dinheiro que nos levaria à América: Isto passou-se há quatro anos; desde então, temos vivido em Nova lorque.

»A princípio, a sorte bafejou-nos. Gennaro prestou um serviço a um cavalheiro italiano: livrou-o de uns rufiões num lugar chamado Bowery e fez, assim, um poderoso amigo. Chamava-se Tito Castalotte e era o principal sócio da grande firma Castalotte and Zamba, os primeiros importadores de frutas de Nova Iorque. O signor Zamba é inválido e o nosso novo amigo Castalotte detinha todo o poder na firma, que emprega mais de trezentos homens. Empregou o meu marido, fê-lo chefe de departamento, mostrava-lhe por todos os meios quanto gostava dele.





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