Tudo isto vibra em uníssono com o meu humor pessoal e não olho ao preço que pago.
Sinto-me orgulhoso das minhas ameias e do fosso circular que se estende a descoberto em meu redor. Sinto-me orgulhoso da minha ponte levadiça e do meu torreão, e da minha torre da guarda.
Uma só coisa falta neste conjunto medieval que é a minha residência: o solar de Goresthorpe não tem o seu fantasma.
Por pouco que tenhamos gostos e ideias de outrora acerca da maneira como deveria ser organizada uma instalação deste género, uma tal omissão deve ser causa de desapontamento e, no que me toca, era particularmente lamentável.
Desde a infância que tomara um grande e sério interesse pelo sobrenatural, de que era um adepto fervoroso.
Tinha mergulhado com prazer na literatura dos fantasmas ao ponto de não haver romance deste género que não tivesse lido.
Aprendi a língua alemã unicamente para poder compreender um livro não traduzido acerca da demonologia.
Ainda muito criança, já me escondia nos quartos escuros com a esperança de ver algum desses espantalhos com que a minha criada costumava ameaçar-me, e hoje este sentimento não perdeu, em mim, nada da sua intensidade.
Foi um dia de orgulho pessoal aquele em que disse para comigo que um fantasma era uma das coisas do luxo que o meu dinheiro podia proporcionar-me.
O anúncio, é certo, não continha uma palavra relativa a uma aparição.
Quando efectuei a inspecção das muralhas cobertas de bolor e dos sombrios corredores, tinha, não obstante, considerado certo que existia algo deste género no edifício.
Do mesmo modo que a presença de um canil pressupõe a presença de um cão, disse para comigo: "É impossível que um alojamento tão apropriado não seja assombrado por uma ou várias sombras inquietantes.