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Capítulo 4: O GATO DO BRASIL

Página 107
E sem descanso surtia, num crescendo ininterrupto, o seu temível grunhido. A crise aproximava-se.

Era realmente um fim miserável perecer naquele abandono, naquele frio, a tremer debaixo de um fato fino e deitado em cima daquela grelha de tortura! Tentei aceitar bravamente a minha sorte, igualar a minha alma às circunstâncias; mas, ao mesmo tempo, com a lucidez do desespero, procurei um meio de fuga. Uma coisa estava clara: a frente da jaula, se a voltasse a pôr no lugar, oferecer-me-ia uma protecção segura. Arriscava-me, ao mexer-me, a atrair o animal. Lentamente, muito lentamente, avancei a mão e agarrei na extremidade da grade, cujo primeiro varão saía da parede. Para minha grande surpresa, ela deslizou sem dificuldade. Claro que a dificuldade de puxar a grade aumentava pelo facto de estar agarrado a ela. Puxei de novo, e avançou oito centímetros. Corria evidentemente sobre rodízios. Puxei mais... E o gato saltou!

Foi tão pronto, tão brusco que, por assim dizer, nem dei por isso. Apenas o tempo de um grunhido selvagem, e vi ao alcance da minha mão os faiscantes olhos amarelos, a cabeça negra e achatada, a língua vermelha, os dentes deslumbrantes. O choque do animal imprimiu nos varões que me suportavam um abalo tão violento que pensei, na medida em que podia pensar num minuto assim, que iam abater-se. O gato balouçou um instante, a cabeça e as patas dianteiras muito próximo de mim, ao passo que as patas traseiras batiam no ar, procurando onde agarrar-se na extremidade da grade. Ouvi raspar as unhas no arame. Ao sentir em cima de mim o seu hálito, quase desmaiei. O seu bafo indispunha-me. Mas tinha calculado mal o impulso; não conseguiu manter-se. Rangendo de raiva, raspando loucamente os varões, girou lentamente sobre si mesmo e caiu com todo o peso no solo.

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pág. 107 (Capítulo 4)

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Capa do livro Histórias Extraordinárias
Páginas: 136
Página atual: 107

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
MÃO ESCURA 1
O CASO DE LADY SANNOX 19
O PARASITA 31
O GATO DO BRASIL 89
O FUNIL DE CABEDAL 113
O QUARTO DO PESADELO 127