Então, graças a um brusco cálculo do tempo decorrido desde a minha aventura, deu-se no meu pensamento uma associação de ideias.
- Assim, lorde Southerton morreu na altura em que fui ferido?
- Nesse mesmo dia.
Summers fitava-me nos olhos enquanto pronunciava esta frase; estou convencido de que suspeitava do fundo da história. Deteve-se um instante, como se aguardasse uma confidência da minha parte; mas não vi o que ganharia em trazer à luz do dia um escândalo de família.
- Curiosa coincidência! - continuou, encarando-me com um olhar entendido. ~ Não ignora que em direito natural Everard King vinha a seguir ao senhor como herdeiro do vosso tio. Se tivesse perecido em vez dele aos dentes da fera, ou de outra forma qualquer, seria ele quem, a esta hora, se chamaria lorde Southerton.
- Sem qualquer dúvida.
- E tal ideia muito o preocupava. Sei que tinha subornado o criado de quarto de lorde Southerton e que, de hora a hora, ou quase, esse indivíduo o mantinha ao corrente, por telegramas, da saúde do amo. Isto, creio, na altura da sua estada em casa de King. Não lhe parece estranho este desejo de informação quando ele não era herdeiro em primeira linha?
- Muito estranho - disse eu. - E agora, Summers, traga-me as minhas facturas e um novo livro de cheques; vamos começar a organizar-nos um pouco.