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Capítulo 5: O FUNIL DE CABEDAL

Página 117
Nenhuma dúvida é admissível: as outras velharias do operador remontam ao início do reinado do Rei Sol. Deduzo daqui, portanto, que pertenciam todas a esse Nicolas de la Reynie, o qual era tenente da polícia, portanto encarregado de aplicar e de vigiar a execução das leis draconianas dessa época.

- E então?

- Peço-lhe agora que volte a pegar no funil e que examine o aro superior de cobre. Não está a ver qualquer coisa que se parece com uma letra?

Havia certamente diversos arranhões no aro de cobre; o tempo quase os tinha apagado. Sim, podia tratar-se, de facto, de letras; a última parecia-se vagamente com um B.

- Distingue bem um B?

- Sim.

- Eu também. Tenho, aliás, a certeza de que é um B.

- Mas o fidalgo cujo nome mencionou não tem um R como inicial?

- Exacto! Aqui temos o aspecto apaixonante do caso. Ele possuía este objecto curioso e, no entanto, o dito objecto tinha as iniciais de outro qualquer. Porquê?

- Não faço ideia. E o senhor?

- Tentemos adivinhar. Um pouco mais longe no aro de cobre, não está a ver uma espécie de desenho?

- Sim. Uma coroa, não é?

- Incontestavelmente, é uma coroa. Mas se a olhar à luz do dia, aperceber-se-á de que não se trata de uma coroa vulgar. É uma coroa brasonada, símbolo de uma dignidade nobiliárquica. É constituída por uma alternância de quatro pérolas e de folhas de morangueiro: é uma coroa de marquês. Podemos, por conseguinte, inferir que a pessoa cuja última inicial é um B tinha o direito de usar esta pequena coroa.

- Este banal funil de cabedal teria então pertencido a um marquês?

Dacre sorriu.

- Ou a um membro da família de um marquês. Deduzimos tudo isso deste aro gravado.

- Mas, mais uma vez, que relação com os sonhos? Devo atribuir o súbito sentimento de repulsa, de horror desrazoável, que então me invadiu, a um certo olhar que julguei detectar em Dacre, ou a não sei que subentendido no seu comportamento?

- Recebi mais de uma vez informações muito importantes por intermédio de um sonho - respondeu-me o meu companheiro no tom didáctico que tanto apreciava.

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Capa do livro Histórias Extraordinárias
Páginas: 136
Página atual: 117

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
MÃO ESCURA 1
O CASO DE LADY SANNOX 19
O PARASITA 31
O GATO DO BRASIL 89
O FUNIL DE CABEDAL 113
O QUARTO DO PESADELO 127