O resultado desta experiência apaixonava-me a tal ponto que não consegui adormecer. Sentado com um candeeiro velado junto de mim, aguardei o meu visitante. Desta vez, vi-o distintamente desde o princípio. Apareceu ao lado da porta, nebuloso durante alguns momentos, depois o seu contorno ganhou consistência e tornou-se aparentemente tão sólido como o de um ser vivo. As suas pantufas vermelhas apareciam debaixo da túnica cinzenta. Como na noite anterior, foi inspeccionar a fila de bocais, lentamente, e deteve-se diante do que continha a mão. Elevou-se na ponta dos pés; o rosto tremia-lhe de avidez; pegou no bocal, examinou-o, mas a sua cara convulsionou-se de raiva e de decepção, e atirou-o ao chão. O barulho do vidro quebrado ecoou em toda a casa. O hindu mutilado desapareceu como por encanto. A minha porta abriu-se e Sir Dominick precipitou-se para o quarto.
- Não está ferido? - exclamou.
- Não. Mas estou sinceramente desolado!
Ele fitou com pasmo os cacos de vidro e a mão escura que jazia no soalho.
- Deus do Céu! - exclamou. - Que vem a ser isto?
Pu-lo ao corrente da minha ideia e da sequência infeliz. Escutou-me com atenção, mas meneou a cabeça.
- Estava bem pensado - disse-me. - Mas receio que os meus sofrimentos não terminem tão facilmente. Pelo contrário, insisto absolutamente num ponto: sob nenhum pretexto o senhor tornará a deitar-se aqui. O pavor que senti há pouco quando julguei que lhe tinha acontecido qualquer coisa, quando ouvi este barulho, foi a angústia mais terrível que alguma vez conheci. Não me arriscarei a sentir outra assim.
Permitiu-me, no entanto, que passasse o resto da noite no laboratório onde remoí o meu fracasso. As primeiras luzes da alvorada vieram iluminar a mão do marinheiro que tinha ficado no soalho; fitei-a maquinalmente.
