- Não irei.
- Aqui tem o seu cartão de visita, senhor.
O mordomo apresentou-lho numa bandeja de ouro que fora
- Hamil Ali... Smyrne... Hum! Este indivíduo é um turco, suponho?
- Sim, senhor; parece vir do estrangeiro, senhor, e está num estado terrível.
- Hum, hum! Tenho um encontro. Devo ir para fora. Mas quero vê-lo. Mande-o entrar para aqui, Pim.
Alguns instantes mais tarde, o mordomo abriu a porta e introduziu um homenzinho decrépito, que caminhava de costas corcovadas, o rosto esticado para a frente, com o piscar de olhos daqueles que têm a vista muito fraca.
A sua tez era trigueira, os cabelos e a barba de um negro muito belo.
Numa das mãos segurava um turbante de musselina branca raiada de vermelho, e na outra um saquinho de pele de camurça.
- Boa noite - disse Douglas Stone quando o mordomo voltou a fechar a porta. - Fala inglês, suponho?
- Sim, senhor, preciso absolutamente que observe a minha mulher.
- Poderei visitá-la de manhã, mas tenho um compromisso que me impede de observar a sua mulher esta noite.
A resposta do turco foi singular.
Puxou o cordão que fechava o saco de pele de camurça e despejou um jorro de ouro na mesa.
- Estão aqui cem libras - disse -, e prometo-lhe que não precisará de mais de uma hora... Tenho um fiacre à porta.
Douglas Stone olhou para o relógio.
Dali a uma hora não seria demasiado tarde para visitar lady Sannox.
Noutras vezes, fora a casa dela mais tarde.
Depois, os honorários eram extraordinariamente elevados.
Nos últimos tempos andava a ser pressionado pelos credores e não podia permitir-se deixar passar uma tal sorte.
Iria.
V
- De que se trata? - perguntou.
- Oh!, é um caso muito triste, muto triste! Talvez não tenha ouvido falar nos punhais dos Almóadas?
- Nunca!
- Ah!, são punhais orientais muito antigos, com uma forma singular e o cabo parecido com um estribo.