Foi corrido um ferrolho e uma mulher idosa, que trazia uma vela, apareceu à porta, abrigando a pequena chama com a mão ossuda.
- Está tudo bem... - gaguejou o comerciante.
- Ela está como o senhor a deixou...
- Não falou?
- Não, dorme profundamente.
O comerciante fechou a porta e Douglas Stone avançou por corredores estreitos, olhando em seu redor com alguma surpresa.
Não havia nem oleado, nem toalha, nem cabide. Vislumbrava-se em todo o lado uma camada espessa de pó e guirlandas de teias de aranha.
Ao acompanhar a velha pela escada de caracol, o seu passo firme ecoava na casa silenciosa; não havia tapetes.
O quarto ficava no segundo patamar. Douglas Stone seguiu a velha enfermeira. O comerciante acompanhou-o de perto.
Aqui, ao menos, havia móveis em abundância.
O solo e os cantos estavam carregados de móveis turcos, de mesas de marchetaria, de cotas de malha, de cachimbos estranhos e de armas bizarras.
Um único candeeiro estava posto numa consola encostada à parede.
Douglas Stone pegou nele e, passando através daquele atravancamento, encaminhou-se para um leito num canto, onde uma mulher com traje turco estava estendida, com o yashmak e o véu.
A parte inferior do rosto era visível, e o cirurgião viu um corte irregular que ziguezagueava no bordo do lábio inferior.
- O senhor desculpará o yashmak - disse o turco -, conhece as nossas ideias orientais sobre as mulheres.
Mas o cirurgião não pensava no yashmak. Para ele já não havia mulher, mas um caso. Inclinou-se e examinou atentamente a ferida.
- Não mostra sinal de irritação - disse -, podemos adiar a operação até que os sintomas locais se mostrem.
O marido torceu as mãos, numa agitação extrema.
- Oh, senhor, senhor! - exclamou.