- Não brinque com a situação... Não sabe... É mortal... Eu sei e afirmo-lhe que é absolutamente necessária uma operação. Só o bisturi pode salvá-la!
- Todavia, sou de opinião que se aguarde - disse Douglas Stone.
- Já chega! - gritou o turco encolerizado. - Cada minuto tem a sua importância; não posso ficar aqui à espera de que a minha mulher morra. Resta-me apenas agradecer-lhe por ter vindo e ir chamar outro cirurgião antes que seja demasiado tarde.
Douglas Stone hesitava.
Reembolsar aquelas cem libras não era coisa agradável, mas se abandonasse o caso deveria devolver o dinheiro.
E se o turco tivesse razão e a mulher viesse a morrer a sua posição perante a Justiça seria embaraçosa.
- Possui uma experiência pessoal deste veneno? - perguntou. - Possuo.
- E garante-me que é necessária uma operação.
- Juro-o por tudo o que tenho de mais sagrado!
- Ela vai ficar horrivelmente desfigurada.
- Compreendo que a sua boca não será muito agradável de beijar.
Douglas virou-se encolerizado para o homem. Esta frase era brutal. Mas os Turcos têm a sua maneira de falar e de pensar, e ele não tinha tempo para discussões.
IX
Douglas Stone extraiu um bisturi do estojo, abriu-o, passou um dedo pelo gume a fim de experimentá-lo.
Depois aproximou o candeeiro da cama. Dois olhos negros estavam fixos nele através da fenda do yashmak.
Era tudo íris: mal se avistava a pupila.
- O senhor deu-lhe uma dose muito forte de ópio.
- Sim, teve uma boa dose.
Fitou de novo aqueles olhos escuros que fixavam os seus.
Estavam mortiços e embaciados mas, quando os fitava, viu perpassar um clarão fugidio, e os lábios tremeram.
- Ela não está absolutamente sem sentidos - disse.
- Não seria melhor operá-la enquanto se pode fazê-lo sem sofrimento?
O mesmo pensamento ocorrera ao cirurgião.