- Mas... Mas... - disse eu, balbuciando -, Agathe. Aí está uma decisão muito brusca.
- Sim, Austin, vim dizer-lhe que o nosso noivado terminou.
- Mas irá certamente dar-me algum motivo! - exclamei. - Isto não é coisa sua, Agathe. Diga-me no que foi que tive a infelicidade de ofendê-la.
- Está tudo acabado, Austin.
- Mas porquê, Agathe? Deve estar a ser vítima de embuste, Agathe. Talvez lhe tenham contado alguma mentira a meu respeito. Ou então interpretou mal qualquer coisa que lhe disse. Explique-me, pois, o que é e uma palavra chegará para corrigir tudo.
- Devemos considerar quebrado todo e qualquer compromisso.
- Mas ontem à noite, quando nos deixámos, não havia a sombra de um mal-entendido entre nós. Que sucedeu entretanto que haja podido modificá-la assim? Deve ser qualquer coisa que terá acontecido ontem à noite. Pensou nisso e desaprovou o meu modo de agir. Foi o mesmerismo? Censurou-me por ter deixado essa mulher exercer o seu poder sobre si? Sabe que ao mínimo gesto seu teria intervindo.
- É inútil, Austin. Está tudo acabado.
A sua voz era neutra, bem pausada. A atitude tinha um não sei quê de rigidez e de dureza.
Parecia-me que estava absolutamente decidida a não se deixar levar para nenhuma discussão, para nenhuma explicação.
Quanto a mim, tremia de indignação. Desviei-me, tamanha vergonha sentia em mostrar-me a ela e muito pouco capaz de um esforço sobre mim próprio.
- Deve saber o que isso significa para mim! - exclamei. - E o aniquilamento súbito de todas as minhas esperanças, é a minha vida que fica arruinada. Seguramente não me infligirá um tal castigo sem me ter escutado. Há-de revelar-me de que se trata. Considere o quanto seria impossível que eu a trate assim, em quaisquer circunstâncias.
