Basta-lhe falar para ganhar cores. Anima-se.
Dir-se-ia que se interessa singularmente por mim. Não posso deixar de notar que me acompanha com a vista por toda a sala.
Tivemos a mais interessante das conversas acerca do seu poder.
Afinal é muito justo consignar a sua maneira de ver, embora naturalmente não lhe possamos atribuir um valor científico.
- O senhor encontra-se mesmo no limiar da matéria - disse ela, quando lhe testemunhei o meu espanto acerca do notável fenómeno de sugestão que me mostrara. - Não possuía nenhuma influência directa sobre miss Marden, quando ela foi procurá-lo; nessa manhã nem sequer pensava nela. Tudo quanto fiz consistiu em acertar-lhe o espírito como acertaria a campainha de um relógio para tocar sozinha à hora antecipadamente marcada. Se a sugestão fosse para daqui a seis meses em vez de doze horas, tudo se passaria da mesma maneira.
- E se a sugestão tivesse sido assassinar-me?
- Ela tê-lo-ia feito inexoravelmente.
- Mas é um poder terrível! - exclamei.
- É um poder terrível, como diz - respondeu ela gravemente -, e quanto mais o conhecer, mais terrível o achará.
- Posso perguntar-lhe - disse eu - o que entende quando disse que este assunto da sugestão se encontra apenas no limiar da matéria? Qual é a coisa que considera essencial?
- Preferiria não lho dizer.
Fiquei surpreendido com a energia manifestada na sua resposta.
- Compreende - disse eu - que não faço esta pergunta por curiosidade, mas na esperança de encontrar uma explicação científica para os factos que me forneceu.
- Professor Gilroy - disse ela -, confesso-lhe francamente que a ciência não me interessa absolutamente nada e que tanto se me faz como se me deu que ela possa ou não classificar estas faculdades.