Não compreenderia.
- Mas ainda não me disse por que veio cá.
- Vim perguntar-lhe se me amaria sempre... fizesse eu o que fizesse... fosse qual fosse a sombra que recaísse sobre o meu nome. Teria confiança, manter-se-ia fiel, por tenebrosas que fossem as aparências contra mim?
- Sabe que me manteria fiel, Austin,
- Sim, sei que sim. Seja o que for que eu fizer, fá-lo-ei por si. A isso sou obrigado. Já não existe outro meio de acabar com isto.
Beijei-a e saí com largas passadas.
O tempo de indecisão tinha terminado.
Enquanto aquele monstro apenas ameaçara os meus interesses e a minha honra, ainda podia interrogar-me sobre o que devia fazer.
Mas agora que Agathe - a minha inocente Agathe estava em perigo, o meu dever ficara traçado tão nitidamente como a rota na grande estrada.
Não possuía arma, mas isso não me deteve. De que arma necessitava quando sentia vibrar todos os meus músculos e nascer neles uma força de louco furioso?
Atravessei as ruas a correr, tão ocupado com o que queria fazer que só vagamente avistei as caras dos amigos com quem me cruzava, que só mal reparei que o professor Wilson corria com tanta precipitação como eu em sentido oposto.
Ofegante, mas resoluto, cheguei à casa e toquei a campainha.
Veio abrir uma criada apavorada, e o seu pavor redobrou quando viu a cara do homem que tinha à sua frente.
- Conduza-me imediatamente até junto de miss Penelosa - pedi.
- Senhor - respondeu-me ela numa voz indistinta -, miss Penelosa morreu esta tarde às três e meia.