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Capítulo 3: Capítulo 3

Página 32

- Aqueles fulanos não parecem sentir quaisquer efeitos nocivos - disse eu, a apontar para o campo de golfe.

- Já alguma vez jogou golfe? - perguntou Lorde John.

- Não, nunca joguei.

- Bem, jovem amigo, quando jogar aprenderá que quando se está a jogar uma partida seria preciso uma tragédia para parar um verdadeiro jogador de golfe. Céus! Lá está aquela campainha do telefone outra vez.

De vez em quando, durante e depois do almoço, a campainha estridente e insistente tinha chamado o professor. Ele dava-nos as novidades que lhe eram transmitidas em algumas frases curtas. Nunca antes na história mundial se tinham registado acontecimentos tão terríveis. A grande sombra estendia-se do sul como uma maré cheia de morte. O Egipto já tinha passado a fase do delírio e encontrava-se agora comatoso. A Espanha e Portugal, após um frenesim selvagem em que os Clericais e os Anarquistas tinham lutado desesperadamente, tinham agora mergulhado no silêncio. Já não eram recebidas mensagens telegráficas da África do Sul. Na América do Norte, os Estados do sul, depois de gravíssimos tumultos raciais, tinham sucumbido ao veneno. A norte de Maryland o efeito ainda não era marcado, e no Canadá quase não era perceptível. A Bélgica, a Holanda e a Dinamarca tinham por sua vez sido afectadas. Mensagens desesperadas chegavam de todos os cantos aos grandes centros de conhecimento, aos químicos e médicos de reputação mundial, a implorar o seu conselho. Também os astrónomos eram inundados de perguntas. Não podia fazer-se nada. A coisa era universal e estava para além do nosso conhecimento ou do controlo humano. Era a morte - indolor mas inevitável -, a morte de novos e velhos, de fortes e fracos, de ricos e pobres, sem esperança ou possibilidade de escapar. Era essa notícia que, em mensagens separadas, o telefone nos tinha trazido. As grandes cidades já sabiam qual seria o seu destino, e tanto quanto percebíamos estavam a preparar-se para o enfrentar com dignidade e resignação. Todavia, ali estavam os nossos jogadores de golfe e os nossos agricultores como os cordeiros que cabriolam sob a sombra da faca. Parecia espantoso. E, no entanto, como podiam eles saber? Tudo tinha chegado junto de nós num passo de gigante. Que havia no jornal da manhã para os alarmar? E agora eram apenas três horas da tarde. No momento em que olhávamos, pareceu que se tinha espalhado algum rumor, pois vimos os ceifeiros a fugir dos campos. Alguns dos jogadores de golfe começaram a dirigir-se para a club house. Corriam como se quisessem abrigar-se de um aguaceiro. Os pequenos carregadores de tacos corriam atrás deles. Outros continuavam o seu jogo. A ama tinha-se virado e empurrava apressadamente o carrinho pela colina acima.

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Capa do livro O Dia em que o Mundo Acabou
Páginas: 72
Página atual: 32

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 18
Capítulo 3 31
Capítulo 4 44
Capítulo 5 53
Capítulo 6 65