- Funciona! - exclamou, exultante. - O meu raciocínio foi comprovado!
Estava novamente de pé, alerta e forte. Com um tubo na mão, correu para a mulher e encostou-lho ao rosto. Alguns segundos depois ela gemeu, esticou-se, e sentou-se. Ele voltou-se para mim, e eu senti a corrente da vida a percorrer-me reconfortantemente as artérias. A razão disse-me que era apenas um pequeno alívio, e no entanto, por pouca importância que demos ao seu valor, cada hora de existência parecia agora uma coisa inestimável. Nunca experimentei maior arrebatamento de alegria sensual do que o que veio com aquela inundação de vida. O peso saiu dos meus pulmões, a pressão da minha testa aliviou-se, uma doce sensação de lânguido conforto, pacífico e calmo, impregnou-me completamente. Fiquei deitado a ver Summerlee reviver graças ao mesmo remédio, e por fim foi a vez de Lorde John. Ele levantou-se e deu-me uma mão para me ajudar a erguer, enquanto Challenger levantava a mulher e a instalava no canapé.
- Oh, George, foi uma pena teres-me trazido - disse ela, segurando-lhe na mão. - A porta da morte está, de facto, como disseste, adornada com cortinas lindas e transparentes; pois, quando a sensação de sufoco passou, foi tudo indizivelmente calmo e bonito. Por que é que me arrastaste de volta?
- Porque quero que façamos a passagem juntos. Estivemos juntos muitos anos. Seria triste separarmo-nos no momento supremo.
Por instantes, no seu tom de voz terno, apercebi-me de um novo Challenger, um Challenger muito diferente do homem famoso, bombástico e arrogante que tinha, simultaneamente, surpreendido e ofendido a sua geração.