O seu editor, Malone, continuará a editar os seus jornais, e ficará muito surpreendido ao constatar que falta um número. Sim, meu jovem amigo - acrescentou ele, para o repórter americano, com uma disposição súbita de divertida genialidade -, talvez o interesse saber que o mundo mergulhou na corrente venenosa com rodopios, como a corrente do Golfo, num oceano de éter. Também vai fazer o favor de anotar para sua conveniência futura que hoje não é sexta-feira, dia vinte e sete de Agosto, mas sábado, vinte e oito de Agosto, e que esteve sentado sem sentidos na sua carruagem durante vinte e oito horas na Colina de Rotherfield.
E «aqui mesmo», como o meu colega americano diria, posso concluir esta narrativa. Como estarão provavelmente conscientes, é apenas uma versão mais aprofundada e mais pormenorizada do relato que foi publicado na edição de segunda-feira do Daily Gazette - um relato que foi reconhecido universalmente como a maior reportagem jornalística de todos os tempos, que vendeu nada menos do que três milhões e meio de exemplares do jornal. Emolduradas na parede do meu santuário, guardo aquelas parangonas magníficas:
VINTE E OITO HORAS DE COMA MUNDIAL
EXPERIÊNCIA SEM PRECEDENTES
CHALLENGER TINHA RAZÃO
O NOSSO CORRESPONDENTE ESCAPA
NARRATIVA EMPOLGANTE
A SALA DO OXIGÉNIO
ESTRANHA VIAGEM DE AUTOMÓVEL
LONDRES MORTA
SUBSTITUIR A PÁGINA QUE FALTAVA
GRANDES INCÊNDIOS E PERDA DE VIDAS
VOLTARÁ A ACONTECER?
Por baixo desta lista gloriosa havia nove colunas e meia de narrativa, na qual aparecia o primeiro, último e único relato da história do planeta, do ponto de vista do observador, durante um longo dia da sua existência. Challenger e Summerlee trataram o assunto num trabalho conjunto para uma revista científica, mas eu fiquei sozinho com o relato popular. Seguramente, posso cantar «Nunc Dimittis». Depois daquilo, que resta na vida de um jornalista a não ser um anticlímax!