O Dia em que o Mundo Acabou - Cap. 6: Capítulo 6 Pág. 71 / 72

O seu editor, Malone, continuará a editar os seus jornais, e ficará muito surpreendido ao constatar que falta um número. Sim, meu jovem amigo - acrescentou ele, para o repórter americano, com uma disposição súbita de divertida genialidade -, talvez o interesse saber que o mundo mergulhou na corrente venenosa com rodopios, como a corrente do Golfo, num oceano de éter. Também vai fazer o favor de anotar para sua conveniência futura que hoje não é sexta-feira, dia vinte e sete de Agosto, mas sábado, vinte e oito de Agosto, e que esteve sentado sem sentidos na sua carruagem durante vinte e oito horas na Colina de Rotherfield.

E «aqui mesmo», como o meu colega americano diria, posso concluir esta narrativa. Como estarão provavelmente conscientes, é apenas uma versão mais aprofundada e mais pormenorizada do relato que foi publicado na edição de segunda-feira do Daily Gazette - um relato que foi reconhecido universalmente como a maior reportagem jornalística de todos os tempos, que vendeu nada menos do que três milhões e meio de exemplares do jornal. Emolduradas na parede do meu santuário, guardo aquelas parangonas magníficas:

VINTE E OITO HORAS DE COMA MUNDIAL

EXPERIÊNCIA SEM PRECEDENTES

CHALLENGER TINHA RAZÃO

O NOSSO CORRESPONDENTE ESCAPA

NARRATIVA EMPOLGANTE

A SALA DO OXIGÉNIO

ESTRANHA VIAGEM DE AUTOMÓVEL

LONDRES MORTA

SUBSTITUIR A PÁGINA QUE FALTAVA

GRANDES INCÊNDIOS E PERDA DE VIDAS

VOLTARÁ A ACONTECER?

Por baixo desta lista gloriosa havia nove colunas e meia de narrativa, na qual aparecia o primeiro, último e único relato da história do planeta, do ponto de vista do observador, durante um longo dia da sua existência. Challenger e Summerlee trataram o assunto num trabalho conjunto para uma revista científica, mas eu fiquei sozinho com o relato popular. Seguramente, posso cantar «Nunc Dimittis». Depois daquilo, que resta na vida de um jornalista a não ser um anticlímax!





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