- Sim, vou.
- É pena não termos a chave, para que pudéssemos fazer primeiro um inventário. Terá que o arrombar. Onde está a chave, homem?
- No fundo do rio - respondeu Small secamente.
- Hum! Não precisava de nos causar mais este problema. Já nos deu bastante trabalho apanhá-lo. Mas, Doutor, nem é necessário dizer-lhe para ter cuidado. Traga depois o cofre consigo para Baker Street. Lá nos encontrará, depois de termos passado pela esquadra.
Deixaram-me em Vauxhall, com o meu pesado cofre de ferro e acompanhado por um inspector fanfarrão e bem humorado. Passado um quarto de hora, chegámos a casa da Sr.ª Cecil Forrester. A criada pareceu surpreendida com uma visita tão fora de horas. A Sr.ª Cecil Forrester saíra nessa noite, explicou ela, e só devia chegar muito tarde. A Menina Morstan, porém, estava na sala; e assim, para a sala me dirigi, com o cofre na mão, tendo deixado o amável inspector na carruagem.
Ela estava sentada junto da janela aberta e tinha um vestido de tecido branco e diáfano, com um toque de escarlate no pescoço e na cintura. A luminosidade suave de um candeeiro com quebra-luz descia sobre ela, recostada numa cadeira de verga, espalhava-se sobre o seu rosto grave e doce, e fazia brilhar débeis reflexos metálicos sobre os preciosos caracóis do seu cabelo luxuriante. Um braço e uma mão suspensos ao lado da cadeira e toda a sua pose traduziam uma absorta melancolia. Ergueu-se ao som dos meus passos e o seu pálido rosto corou ligeiramente de surpresa e satisfação.
- Ouvi chegar uma carruagem - disse ela. - Pensei que a Sr.ª Forrester tivesse voltado muito cedo, mas não sonhava que pudesse ser o senhor. Que notícias me traz?