Nesse momento, o corpulento Athelney Jones entrou na pequena cabina.
- Parece uma reunião de família - observou. - Holmes, acho que vou beber um golo dessa garrafa. Bem, penso que devemos congratularmo-nos mutuamente. É pena não termos apanhado vivo o outro, mas não havia alternativa. Ouça lá, Holmes, tem de confessar que por pouco não os deixou escapar. Fizemos tudo o que era possível para conseguir apanhar a lancha.
- Tudo está bem quando acaba bem - disse Holmes. - Mas é verdade que não sabia que a Aurora era tão veloz.
- Smith diz que é uma das lanchas mais rápidas que há no rio, e que, se tivesse outro homem a ajudá-lo nas máquinas, nunca a apanharíamos. Jura que não sabia nada acerca do caso de Norwood.
- E não sabia - exclamou o nosso prisioneiro -, nem uma palavra! Escolhi a lancha dele porque ouvi dizer que era muito veloz. Não lhe dissemos nada; mas pagámos-lhe bem, e receberia qualquer coisa de valor se chegássemos ao navio, o Esmeralda, em Gravestone, pronto a partir para o Brasil.
- Bem, se ele não fez nada de mal, nada de mal lhe acontecerá. Embora sejamos rápidos a capturar os nossos homens, não somos assim tão rápidos a condená-los.
Era divertido ver como o vaidoso Jones já começava a dar-se ares de responsável pela captura. O ligeiro sorriso que aflorou sobre o rosto de Sherlock Holmes revelava-me que também a ele o discurso não passara despercebido.
- Dirigimo-nos agora para Vauxhall Bridge - disse Jones - e deixá-lo-emos em terra, Dr. Watson, com o cofre do tesouro. Nem preciso de lhe dizer que assumo uma pesada responsabilidade ao fazer isto. Não é legal, mas, claro, um acordo é um acordo. Tenho, contudo, como é meu dever, que mandar um inspector acompanhá-lo, pois transporta um carregamento muito valioso. Vai de carruagem, não é verdade?