»Alguns dias depois, o major Sholto andava pela praia, e tive oportunidade de lhe falar.
»«Queria que me desse um conselho, major», disse eu. »«Está bem, Small, que é?», perguntou ele, tirando o charuto da boca.
»«Queria perguntar-lhe», disse eu, «quem é a pessoa indicada para se entregar um tesouro escondido. Sei onde está um que vale meio milhão e, como não posso ser eu a usá-lo, pensei que talvez o melhor fosse entregá-lo às autoridades, e, então, talvez me encurtassem a pena.»
»«Meio milhão, Small?», disse ele, ofegante, olhando para mim a ver se estava a falar a sério.
»«Isso mesmo, sir... em jóias e pérolas. Lá está para quem o for buscar. E o mais interessante é que o proprietário está exilado e não pode reavê-lo, por isso pertence ao primeiro que aparecer.»
»«Ao Governo, Small», balbuciou ele, «ao Governo.» Mas disse isto com hesitação, e percebi que o tinha na mão.
»«Acha, então, que devo informar o governador-geral», disse eu, tranquilamente.
»«Bem, bem, não deve precipitar-se, ou poderá arrepender-se. Conte-me tudo, Small. Ponha-me ao corrente dos factos.»
»Contei-lhe a história toda, com algumas pequenas modificações, para que não identificasse os locais. Quando acabei, ficou a pensar. Percebi pela sua expressão que se travava uma grande luta dentro dele.
»«Trata-se de um assunto muito importante, Small» , disse por fim. «Não deve falar nisto a ninguém, e, em breve, virei ter consigo..
»Dois dias depois, ele e o amigo, o capitão Morstan, vieram à minha barraca a altas horas da noite, com uma lanterna.
»«Quero que conte ao capitão Morstan aquela história, Small», disse ele.
»Repeti a história como antes a contara.
»«Parece ser verdade, hein?», disse ele. «Valerá a pena fazer alguma coisa?»