O Sinal dos Quatro - Cap. 6: 6 - Sherlock Holmes Faz Uma Demonstração Pág. 45 / 133

Olhei pela janela aberta. O luar brilhava ainda sobre aquela parte da casa. Estávamos a uns dezoito metros acima do chão, e, para onde quer que olhasse, não conseguia ver qualquer apoio para os pés, nem sequer uma fenda nos tijolos.

- É absolutamente impossível - respondi.

- Sem ajuda é impossível. Mas suponha que um amigo seu lhe lançava daqui de cima a grossa corda que está naquele canto, atando uma das pontas a este gancho na parede. Então, julgo que bastaria ter alguma força para subir, mesmo com uma perna de pau. Sairia, claro, da mesma maneira, e o seu cúmplice recolheria a corda, desprendê-la-ia do gancho, fecharia a janela por dentro e iria embora do mesmo modo como entrara. Podemos também verificar - prosseguiu, apalpando a corda - que o nosso amigo da perna de pau, embora fosse um bom trepador, não era um marinheiro profissional. Não tinha as mãos calejadas. A minha lupa revelou mais do que uma marca de sangue, especialmente junto à extremidade da corda, o que me leva a concluir ter ele escorregado com tal velocidade que arrancou a pele das mãos.

- Está tudo muito bem - retorqui -, mas assim o caso torna-se ainda mais incompreensível. Como entrou esse misterioso cúmplice no quarto?

- Sim, o cúmplice! - repetiu Holmes pensativamente. - Há aspectos interessantes acerca desse cúmplice. O facto de ele existir retira ao caso a sua banalidade. Creio que este cúmplice torna o caso inédito nos anais do crime neste país, embora tenha conhecimento de casos semelhantes na Índia e, se bem me recordo, na Senegâmbia.

- Como entrou ele, então? - perguntei novamente. - A porta estava fechada; a janela era inacessível. Veio pela chaminé?

- O tubo é muito pequeno - respondeu. - Já tinha pensado nessa possibilidade.

- Então, como foi? - insisti.





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