Dei a volta à casa e fui encontrá-lo sentado sobre o algeroz num dos cantos do telhado.
- Você está aí, Watson? - gritou.
- Estou.
- É este o sítio. Que é essa coisa preta aí em baixo?
- Um barril para a água.
- Está tapado?
- Sim.
- Há alguma escada?
- Não.
- Livra!. É o sítio ideal para partir o pescoço. Devo ser capaz de descer por onde ele subiu. O barril parece bastante firme. Bem, cá vou eu.
Ouviu-se o ruído dos pés a arrastar sobre o algeroz. A lanterna começou a descer lentamente junto à parede. por fim, Sherlock Holmes deu um pequeno salto para cima do barril, pulando depois para o chão.
- Foi fácil seguir-lhe o rasto - observou, ao mesmo tempo que enfiava as meias e as botas. - As telhas estavam deslocadas nos sítios por onde ele passou. Com a pressa deixou cair isto. Confirma o meu diagnóstico, como vocês, médicos, costumam dizer.
O objecto que ele me estendia era uma pequena bolsa, tecida com palha colorida e enfeitada com algumas contas sem valor presas à volta. A forma e o tamanho faziam lembrar uma cigarreira. Dentro havia meia dúzia de espinhos de madeira escura, cada um deles com uma ponta afiada e a outra arredondada, semelhantes àquele que atingira Bartholomew Sholto.
- Estas coisas são diabólicas - disse Holmes. - Tenha cuidado para não se picar. Estou mais descansado por ter estes espinhos comigo, porque provavelmente são os únicos que ele possuía. Não temeremos tanto vir a encontrar um espetado na nossa pele. Eu cá preferia levar um tiro. Está pronto para uma caminhada de dez quilómetros, Watson?
- Claro - respondi.
- A sua perna aguenta?
- Oh, sim.
- Anda cá, cachorro! Meu bom Toby! Cheira, Toby, cheira! - Pôs o lenço com creosote sob o focinho do cão.