O Sinal dos Quatro - Cap. 1: 1 - A Ciência da Dedução Pág. 8 / 133

- O que concluiu, sem dúvida, das iniciais H. W. gravadas na parte de trás.

- Exactamente. O W sugere o seu próprio nome. A data do relógio remonta aproximadamente a cinquenta anos atrás e as iniciais são tão antigas como o relógio; feito, portanto, para a geração anterior. A joalharia, normalmente, é legada ao irmão mais velho, que costuma ter o mesmo nome do pai. O seu pai, se não estou em erro, morreu há muitos anos. O relógio tem estado, por conseguinte, nas mãos do seu irmão mais velho.

- Até aí, tudo certo - disse eu. - Mais alguma coisa?

- Era uma pessoa desmazelada... muito desmazelada e descuidada. Deixaram-no numa boa situação, mas desprezou a sorte, viveu pobremente durante algum tempo com pequenos intervalos ocasionais de prosperidade e, finalmente, tendo começado a beber, morreu. É tudo quanto consegui saber.

Saltei da cadeira e coxeei impacientemente pela sala, sentindo-me consideravelmente amargurado.

- É indigno de si, Holmes - protestei. - Não o julgaria capaz de descer tão baixo. Andou a investigar a história do meu infeliz irmão e agora pretende ter deduzido esses conhecimentos através de um qualquer método extravagante. Não julgue que eu acredito que viu tudo isso neste velho relógio! Não é amável da sua parte e, para falar abertamente, cheira-me a charlatanice.

- Meu caro doutor – disse ele, gentilmente -, queira aceitar as minhas desculpas. Ao encarar o assunto de um modo abstracto esqueci-me de que se tratava de um assunto pessoal e doloroso para si. Asseguro-lhe, contudo, que nem sequer sabia que tinha um irmão até ao momento em que me mostrou o relógio.

- Então como conseguiu o prodígio de descobrir aqueles factos? Tudo o que disse esta absolutamente correcto em todos os detalhes.

- Ah, tive sorte. Apenas afirmei o que era mais provável. Não esperava de maneira nenhuma ser tão preciso.





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